terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Sal e Areia













Grânulos por gránulos vou me esparramar
fugir da rotina monástica dos uniformes
dos exageros de consumo e de usura,
quero isso fora de minha mochila!

Vou viver a sorte e conhecer a vida
Arrancar de mim os limites humanos
Descansar intrigado com verdade empírica
Salário é sal sob meus pés

Coletando histórias minimalistas
preservando cousas que são esquecidas
Vou sentir na pele intempéries extremas
e cada por de sol terá beleza lírica

Ao reparar que somos ínfimos grânulos
Sou o que foi lançado longe ao vento
Circulei amplos delineados movimentos
E nunca mais ousei pousar como poeira!


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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Sheol da verdade












Fui assassinado pela verdade
Homicida foi dono da mentira
Escarnecido, veio à tona
em rubra escarlate cólera

Resta a ele, vida e culpa
Resta-me condolências à fria morte
"Era bom e verdadeiro!" irão dizer
Por mais que seja não pôde salvar-me

Que fazer então?
Viver amarga solidão e dor da perda?
Morrer às duras penas da verdade?

Não se pode prever o resultado
No final todos acabam machucados
Mas a "verdade", acaba de matar-me

Pensei em salvar-me matando a verdade
Enterra-la em cova com profundidade
Lacra-la em um sarcófago
Sela-lo com maldições

Mas não há no mundo espaço
pra enterrar toda verdade
Então volto ao meu sepulcro

Mais fácil sumir meu corpo
Que enterrar minha verdade!

***